A Babilônia está em chamas – disse ele, enquanto servia mais um drink – e aqui estou, em um mundo ao qual não pertenço mais.
Lá vem, – ela pensou – mais um artista underground, bêbado, velho e com mais uma crítica de como qualquer coisa era melhor no passado.
“Eu sou mais rápido que você. Sou mais forte que você. E com certeza, vou durar muito mais que você. EU NÃO SOU O FUTURO, VOCÊ É. Se eu pudesse desejar alguma coisa, desejaria ser humano. Para saber o que significa ter sentimentos. Ter esperanças. Ter angústias. Dúvidas. Amar. Eu posso alcançar a imortalidade: basta não me desgastar. Você também pode alcançar a imortalidade: BASTA FAZER ALGUMA COISA NOTÁVEL…” – descreveu a propaganda que o colocara ali e continuou – esse é o tipo de propaganda que te faz sentir-se um traste. Mas então o que me leva a comprar este uísque se já não me sinto como ele? Um velho bem vivido e que continua caminhando. Vai ver é só porque bitter é bom, mas o uísque é melhor, e se vagorosa é a morte com bebida, as festas Walker são as melhores.
A pior parte foi que ela concordou com ele.
Eu nunca ligo a Televisão, nunca vi esta propaganda, estou aqui pelo simples fato de abrir uma revista. Uma nota de canto: “Não perca, Keep Walking. O uísque que te dá uma festa. Compre sua garrafa e garanta sua entrada.” – concluiu.
Fato é que amanhã será o notícia no jornal. Um amontoado de pessoas, no fim da civilização do oeste, tão desesperados para sentir alguma coisa que acreditam que afogaram suas amarguras no sonho de vida que lhes é vendido. Salve o uísque. – disse, pouco antes de saírem juntos.
Na banquinha de jornal, do outro lado da rua, no dia seguinte, a manchete: “Após festa do uísque Walker, senhor conduz embriagado e tira vida de jovem.”